quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Mercado de solteiros cresce 6% ao ano

Fonte: Revista INCorporativa / 01.10.2009 - Com dinheiro para gastar, segmento tem dificuldades na hora de ir às compras por falta de produtos específicos.

O nicho que mais vem crescendo no País é o de consumidores solteiros, em média 6% por ano. Esse segmento responde por 40% do aumento das vendas de produtos práticos e em porções individuais, de acordo com o estudo Perspectivas para a Panificação e Confeitaria 2009/2017, realizado pelo Sebrae.

Dados do Centro de Pesquisas Econômicas e Mercadológicas (Cepem/Alfa) mostram que os solteiros convictos estão na faixa acima de 35 anos, moram em apartamento pequeno, têm a geladeira cheia de cerveja, refrigerante (preferem em lata) e comida congelada, utilizam micro-ondas e investem em diversão.

Segundo o economista, pesquisador e coordenador do Cepem/Alfa, Aurélio Troncoso, pesquisa recente constatou que os solteiros têm renda média acima de R$ 2 mil, são exigentes com atendimento e escolhem o ambiente pela localização.

“O mercado de produtos voltados exclusivamente aos solteiros é bastante animador”, afirma.

O presidente da Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio), José Evaristo dos Santos, diz que o varejo aposta na vaidade dos solteiros, que são o filão do segmento de uso pessoal. “O solteiro tem preocupação com a boa aparência, sai mais, curte mais.”

Ele observa que os segmentos de vestuário, beleza e serviços pessoais têm se preocupado em fidelizar estes clientes, já que o setor de alimentos é mais comedido”, afirma.

Indústria e supermercados começam a se adequar a um nicho que responde por 2% do faturamento. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Alimentícia (Abia), o setor faturou ano passado R$ 50 bilhões. Mas os supermercadistas reconhecem que os fabricantes estão engatinhando nessa área e ainda não há estatísticas sobre o assunto.

O número de produtos nos supermercados ainda é insuficiente para atender o público solteiro. A produtora cultural Gisele Carvalho Moreira, 32, reclama que gostaria de serviços mais específicos. Pratos congelados, mini-pizzas, frutas, frios e legumes embalados em pequenas porções são bastante procurados por ela. Gisele costuma levar quantidades menores, mas, mesmo assim, acaba perdendo os produtos.

Quando quer fazer uma macarronada, a produtora compra o pacote menor de macarrão e extrato de tomate pequeno. “Quando compro um pé de alface, uso três folhas; para não jogar fora, dou para os vizinhos.”

Com dois empregos, Gisele optou por tomar café-da-mãnhã em casa e almoçar fora.

À noite, ela costuma fazer um lanche. Diz que faz compras diárias no supermercado, como leite e pão de forma, o que, segundo ela, acaba ficando mais caro. “Pago mais caro para não jogar fora os alimentos.”

Já na geladeira de Aguimar Alves Rosa, 32, só tem água. Nos finais de semana, ele ainda abastece com refrigerante e arrisca fazer um almoço para os amigos. Conta que, ao fazer os cálculos, descobriu que é muito mais barato para um solteiro comer fora.

Além de ser mais barato, diz que é mais prático, gasta menos com produtos de limpeza, gás de cozinha e economiza tempo. Aguimar diz que não compra nem produtos congelados. Ele almoça e janta em restaurantes ou lanchonetes.

O vendedor diz que falta muitos produtos para solteiros nos supermercados e que quando fazia comprar, perdia tudo, especialmente verduras e frutas. “Agora quem chega na minha casa tem que se contentar em tomar água.”

Filão

De olho num nicho de mercado crescente, o segmento de imóveis está adequando os produtos às pessoas que vivem só. Diretor imobiliário de uma incorporadora, Marco Túlio Borges Pereira diz que os consumidores solteiros hoje representam 10% das vendas. São solteiros entre 23 a 45 anos, jovens e descasados, diz Marco Túlio.

Os mais jovens estão se programando para ter uma família e têm como primeiro passo investir em um imóvel. Já os solteiros mais maduros, muitas vezes, já passaram por um casamento. Segundo Marco Túlio, vários fatores são levados em consideração por esse público na hora de escolher um imóvel.

Os principais são a localização e os serviços oferecidos pelo empreendimento. Para este segmento, o destaque são os apartamentos de dois quartos.

A construtora começou a explorar esse nicho há dois anos. Desde então, já construiu dois empreendimentos voltados a esse público. A construtora vendeu na planta todas as unidades de um residencial, no Alto Bueno. A empresa negociou as 328 unidades em uma semana.

Viajar sozinho é mais caro

No ramo de turismo, ainda há poucas opções voltadas para os solteiros e viajar sozinho ainda é 30% mais caro. Segundo Margareth Lane Melo Custódio, vice-presidente da ABAV-Goiás, os solteiros tendem a viajar acompanhados. “Eles se reúnem em grupos ou até trios de amigos para realizar um passeio”, explica.

Os preços dos pacotes individuais também não compensam.

De acordo com ela, o principal pacote para solteiros são os cruzeiros marítimos. A procura maior é do sexo feminino. “As mulheres criaram independência e estão se divertindo mais”, analisa.

Margareth estima que o percentual de solteiros ainda é muito pequeno no universo de pacotes comercializados. Outro destino bastante procurados pelos solteiros é o Nordeste.

Carro

O setor automotivo não tem o que reclamar dos solteiros. O diretor de automóveis do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos Automotores de Goiás (Sincodive), Tarsiso Cardoso, diz que 20% dos compradores de automóveis de Goiás são solteiros.

Segundo ele, não existe predominância de sexo, mas ambos preferem os veículos mais baratos. E essa preferência pelo carro comum não é uma questão apenas de gosto. Ele observa que a maioria das compras é realizada pelos pais.

Tarsiso diz que, depois do preço e da oportunidade, o estilo do veículo é o terceiro item predominante na compra. O diretor lembra que o segmento de veículos tem percebido as vantagens de se tratar bem este tipo de cliente. “Certamente, são pessoas que ainda vão se casar, constituir família, tem melhores empregos e tudo isso reflete no carro novo e maior.” Ele acredita que o consumo também aumentou em virtude das melhores condições de financiamento e da redução das taxas de juros.

Eles somarão 12 mi em 2016

De acordo com a pesquisa da Abip, os solteiros eram 3,2 milhões em 1996 e devem chegar a 12 milhões em 2016. O estudo constatou que esses consumidores querem praticidade, por isso, produtos com embalagens práticas e serviços de delivery são os preferidos.

Perfis

O levantamento constatou que há outros perfis que vão mudar o universo do consumo.

O aumento no número de mulheres que cuidam do orçamento doméstico amplia as oportunidades ligadas a embalagens menores, que caibam na bolsa, e também estimula os setores de alimentos diet, light, orgânicos, pães naturais e confeitaria fina.

Famílias pequenas, como casais sem filhos, fazem as empresas atentarem para embalagens igualmente menores, com porções para dois.

O aumento da expectativa de vida da população também mudou hábitos de consumo. Com isso, as empresas poderão investir mais em produtos mais saudáveis, como orgânicos, ingredientes naturais e entrega em domicílio.

Com o aumento da expectativa de vida, cresce o número de consumidores de meia-idade.

Segundo o estudo, eles cultuam hábitos saudáveis e procuram dedicar mais tempo ao lazer. Com isso, estão mais propensos a consumir produtos de alta qualidade e mais saudáveis. Esse segmento da população tem renda mais estabilizada e, por isso, priorizam a qualidade.

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